Monday 13 October 2014

"Já estou a formar Governo" - Dhlakama

O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, assegurou à Lusa que já está a formar o próximo governo moçambicano e garantiu que vai "limpar" a primeira volta das eleições presidenciais e também as legislativas de quarta-feira, "com mais de 60% dos votos".
"Por aquilo que vemos, vamos limpar numa primeira volta com 60% ou 70%, mesmo as legislativas, porque quem vai votar no Dhlakama, vai votar na Renamo (Resistência Nacional Moçambicana). Toda a gente quer mudança", assinalou, em entrevista à Lusa, o presidente do principal partido da oposição. 
Segundo Dhlakama, "há muitos moçambicanos de boa vontade que estão à espera há mais de 22 anos, e que gostariam de fazer parte de um governo honesto, para servir os interesses do povo, para governar com justiça e democracia".
"Ser de facto governante e respeitar os governados. É este governo que estamos a preparar", declarou.
O candidato presidencial da Renamo recusou a ideia de que o principal partido da oposição não tem quadros, afirmando que "não há nenhum partido neste mundo, mesmo na Europa, que forma quadros", porque este são "apanhados nas universidades".
"Temos a Universidade Eduardo Mondlane, que sobrevive através dos nossos impostos. Forma jovens médicos, intelectuais. Eu vou buscá-los", afirmou.
"O que se quer é que sejam pessoas honestas, capazes de aceitar trabalhar e comprometer-se a cumprir e servir de facto, para sermos um governo inclusivo e capaz de ajudar esse povo. Portanto, em termos de quadros há muitos moçambicanos formados em Portugal, Estados Unidos, França descontentes. Eu vou usá-los", assegurou.
O líder da Renamo disse também que tem recebido telefonemas de membros do governo a disponibilizarem-se para integrar o eventual executivo a ser constituído em Moçambique, após o escrutínio de quarta-feira.
"Por isso eu digo que o meu governo vai ser inclusivo", prometeu Afonso Dhlakama que, caso vença as eleições, vai dirigir o país que entra num novo ciclo económico caraterizado pela previsão de exploração das grandes reservadas de gás no norte do país.
Afonso Dhlakama prometeu criar um Estado democrático e de justiça social, em que "haja acordos para que estrangeiros não se sintam explorados, mas também para que os moçambicanos não se sintam explorados".
"É muito importante que as empresas paguem os impostos, sem roubalheira, porque os impostos grandes afugentam os investimentos", afirmou.
A campanha do líder da Renamo bloqueou no sábado temporariamente a baixa de Maputo, onde uma multidão, que apesar da chuva leve e persistente, saiu à rua ao longo de mais de duas horas para se certificar de que ele estava mesmo lá e o aclamou como "papá" e futuro Presidente moçambicano, seguindo a dinâmica de multidões inesperadas de apoiantes ao longo da campanha do partido nas regiões centro e norte do país.
"Esta cidade é metropolitana, onde a maioria é intelectual, crítica ao regime e ao governo. Eu esperava de facto a mudança, porque verifiquei isso já em Nampula, Cabo Delgado, Tete, que era cidade hostil à Renamo desde 1994 e onde fui recebido por um `banho` de jovens, mais de 50 mil, e todo o mundo ficou assustado. Posso dizer que é a mudança, para não aplicar a palavra revolução. Toda a gente quer mudança", declarou o líder da oposição.
"Acho que a população cresceu bastante. Quero acreditar que as pessoas já viram que, apesar de tudo, o Dhlakama é o único moçambicano determinado, com coragem, capaz de pressionar o governo", acentuou, referindo-se ao que chamou "pré-campanha", traduzida na "confrontação dos dois anos, entre o partido Renamo e o Governo" e que "ajudou a mudar um pouco a atitude" dos eleitores.
Para Afonso Dhlakama, a dinâmica da sua campanha "é a vingança que a população de Moçambique está a fazer ao regime".
"Se fosse na Europa eu diria que já ganhei. Mas aqui é preciso ter prudência nas mesas de voto", acrescentou.



RTP

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