Monday 9 March 2015

VERGONHA PARA MOÇAMBIQUE INTEIRO


O ex-diretor da Polícia de Investigação Criminal (PIC), António Frangoulis disse sábado à imprensa, falando a margem da marcha realizada para repudiar o assassinato do professor Catedrático da UEM e que "penso há todas as condições para se chegar aos autores, se imperar a boa vontade. Mas, tal como estamos habituados - e a sensação não é só minha, é de milhões de moçambicanos -, nada vai acontecer. Se acontecer, melhor ainda, vai ser a primeira vez".
"Nem parecemos um Povo que já deu passos gigantescos desde a Constituição de 1990 para cá", referiu António Frangoulis, ex-deputado da Frelimo e candidato não eleito pelo MDM nas últimas legislativas.
"Lamentavelmente o senhor Calado e a sua turma decidiram que tinham de calar", comentou sábado António Muchanga, porta-voz da Renamo, no início da marcha em memória de Cistac, acrescentando que esta "é uma manifestação necessária e que dignifica o Povo moçambicano".
Por seu turno, o chefe da bancada do MDM na AR sublinhou que "ninguém se deve calar" e que esperava ver "toda esta dor e tristeza transformada numa fonte de energia e todos continuem a sua luta".
"O assassínio do professor Cistac é a pior vergonha que nós podemos ter como moçambicanos", disse João Pereira, igualmente professor de Ciência Política da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), sublinhando que a acção da última terça-feira revelou uma “cultura de  intolerância política muito forte” em Moçambique e que “já estávamos num momento crítico, agora, com este acontecimento, a situação agravou-se".
O Presidente "Filipe Nyusi tentou criar uma abertura para o diálogo, que não existia. Criou um certo balão de oxigénio, mas,
neste momento, esse balão evaporou e estão criadas condições para uma instabilidade muito mais forte", afirmou João Pereira.
De acordo com João Pereira, "teremos menos de três meses para resolver, de uma vez por todas, a tensão política no país. O
problema é complexo, o líder da Renamo diz agora que já nem precisa submeter a proposta ao parlamento. O que isto representa
para o processo da estabilidade política e económica do país?", questionou o politólogo, apelando aos actores da política
moçambicana para que coloquem os interesses do Povo acima dos partidários pois, o assassínio de Cistac "significa matar a capacidade crítica da sociedade e, ao matar essa capacidade, infelizmente, matase também o desenvolvimento do próprio país"
IVONE SOARES
"Depois de terem matado [o jornalista] Carlos Cardoso, em 2000, pensávamos que tínhamos ultrapassado as barreiras contra a liberdade de expressão e de imprensa", disse Ivone Soares, chefe da Bancada da Renamo na Assembleia da República(AR), acrescentando que 15 anos mais tarde, "existem ainda pessoas que acham que matando se silenciam as vozes que lutam e clamam pela justiça."
 UEM
Para Eduardo Chiziane, um dos docentes que trabalhou com Gillles Cistac em vida, no seu improviso afirmou que “nós estamos entristecido e sentimonos órfãos intelectuais” .Chiziane observou ainda que pela simplicidade, construiu sua casa no subúrbio e era um grande apreciador de rock, que representa liberdade. Tinha dentro de si alguma coisa como uma criança pura, um homem que tinha apegfo pela crítica e rigor.
Era uma pessoa de trato fácil, simples, sorridente, generosa e vulgar”
Por seu turno, o Presidente do Núcleo dos Estudantes da Faculdade de Dureito da Universidade Eduardo Mondlane(UEM), Absalão Romão prometeu que “daremos continuidade a obra de Professor Gilles Cistac. Continuaremos a luta pela liberdade dos cidadãos
e convidou as pessoas para “apoiar este desiderato e este designo”.

PARLAMENTO JUVENIL
Segundo Salomão Muchanga, Presidente do Parlamento Juvenil,”a liberdade é o cérebro de todas as sociedades que se pretendem
democráticas, o fim prioritário e meio principal do desenvolvimento”.
LDH
A Presidente da Liga Moçambicana dos Direitos Humanos disse na sua intervenção no último sábado na marcha em memória do Professor Gilles Cistac que “depois de o constitucionalista e académico, Gilles Cistac, ter dito publicamente que as exigências da RENAMO de formação dzas regiões ou províncias autónomas, bem formuladas, têm enquadrameto legal à luz da Constituição
moçambicana começaram a circular nas redes sociais e nos órgãos de informação controlados pelo regime vários textos acusando o académico de incitar a violência e divisão do País, para além de distorcer o direito por defender que a nossa Constituição abre espaço para a existência de regiões ou províncias autónomas”.
Conforme Maria Alice Mabota, “Cistac é barbaramente assassinado num momento em que se preparava para apresentar uma queixa junto da Procuradoria Geral da República contra os seus detractores no Facebook” e citando o Cistac, “admito que as pessoas discordem das minhas ideias, do meu pensamento ou das minhas opiniões. Porém, não aceito que as pessoas independentemente da relação que tenham commigo, apareçam publicamente a distorcer as minhas ideias com o objectivo de confundir as opinião pública”, fim da citação.
Neste contexto, de acordo com Alice Mabota, “não descarta a hipótese de o assassinato de Gilles Cistac ter uma ligação com o seu posicionamento recente considerando uma aafronta a um certo interesse político reistente ao diálogo” e “se sim, é uma acção criminal que atenta violentamente à liberdade de opinião e de expressão e, de todas as formas condenável”.
Em suma, “tais sectores ortodoxos quererão com este acto nojecto e selvagem, pôr em causa a algumas expectativas em torno do novo Presidente da República”e com efeito, “está posta a prova a nova governação de Filipe Nyusi que deverá desde já, mostrar vontade e coragem suficientes para eliminar todos os focos de violação dos Direitos Humanos que ainda se manifestam no nosso País”.

ROSEMELE CISTAC.
A filha de Gilles Cistac pediu aos estudantes da Faculdade de Direito que como homenagem ao pai que “continuem Maputo.com a força e trabalho. Mostrem mesmo o que o meu Pai vos ensinou”, umm pedido feito no final da marcha em homenagem ao Cistac que teve lugar no último sábado em Maputo.
FONTE: Vertical

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