Friday 15 May 2015

Até onde vai o forcing de Dhlakama?


Até onde vai o forcing de Afonso Dhlakama é a pergunta que paira no ar. Depois de mapear as “regiões autónomas do centro e norte”, revestidas
de banhos de multidões, o autoproclamado nteprojecto de lei chumbado pelo voto maioritário do partido que dirige os destinos dos moçambicanos há 40 anos. Pelas imagens nas caixinhas mágicas, foi possível escrutinar em Nampula o general de quatro estrelas que sobreviveu 16 anos no mato desnorteado e combalido.
A bancada da Frelimo régida em cumprir as ordens emanadas pela sua Comissão Política não teve as mesmas contemplações, como as das cedências da aprovação da lei eleitoral, quando o país, 21 anos depois, fervilhava de pólvora e derramava o sangue de inocentes entre o Save e Muxúnguè.
A “paridade” desta vez pretendida não encontrou o enquadramento que Dhlakama esperava na Assembleia da República (AR).
O “NÃO” foi categórico e a Constituição da República foi a ementa servida para se evocar a unicidade e o não divisionismo do país.
As populações “banhadas”, quais eternas seguidoras, pelas promessas do líder da perdiz de que as iria governar, idem os companheiros de Afonso Dhlakama nas matas desde a primeira hora, esperam que ele materialize a “boa nova”. Dhlakama está entre a espada e a parede.
Noutro extremo do país, bem a Sul, o presidente Filipe Jacinto Nyusi encontra-se na sua primeira edição das chamadas “presidências abertas e inclusivas”, onde já disse em plenos pulmões que não se vai “ajoelhar” a Dhlakama em busca da paz que, outrora, cabia na sua cabeça e era o seu compromisso inalienável. Paz. O maior bem precioso entre os homens de boa vontade.
Entretanto, bem na capital do país, mais concretamente no Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano (CCJC), o padre Couto, um dos observadores nacionais das negociações que duram há mais de dois anos entre o Governo e a Renamo, denunciou a hipocrisia que ali se encontra instalada. Não como nas homilias que caracterizam a calmia
dos sacerdotes em pregação, o Padre Couto foi rispidamente realista. Disse para quem o quis ouvir que Nyusi e Dhlakama devem encontrar-se, pois as equipas governamentais e da Renamo já estão esgotadas. Já não têm nada para dar...
Afonso Dhlakama acha que os que cataloga de radicais da Frelimo foram o empecilho de ele poder governar nas províncias onde se sagrou vencedor no último escrutínio, ao chumbarem o projecto de lei na AR.
E, como ainda tem forças residuais em várias “partes incertas” deste imenso país, nunca se sabe até quando estaremos reféns dos seus ataques verbais, que têm desembocado em campos de tiros, entre o
exército “provocador” e as suas forças “provocadas”.
Até onde vai o forcing de Afonso Dhlakama?

Luis Nhachote​ , Correio da manhã, 14/05/2015

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