Sunday 10 May 2015

Economista critica em Lisboa modelo de crescimento económico de Moçambique

O economista João Mosca criticou hoje o modelo de crescimento económico de Moçambique, que "vive num ´boom` fictício de expectativas", com grandes consumos que causam "elevadíssimos riscos" à economia.
Falando na Conferência "40 Anos de Independências: Crescimento ou Desenvolvimento? Observatório de África, América Latina e Caraíbas", em Lisboa, João Mosca considerou que o" modelo de crescimento económico é um padrão de acumulação extrativo".
 "Existem fortes dualismos económicos e sociais, sobretudo, na área do emprego, da economia informal e da secundarização da agricultura onde reside 75% parte da população", disse João Mosca, durante o colóquio organizado pelo Programa Gulbenkian Próximo Futuro e Programa Gulbenkian Parcerias para o Desenvolvimento, no âmbito do Ano Europeu para o Desenvolvimento (2015).
 "Moçambique vive um período em que tudo são expectativas positivas - os recursos naturais, o gás, petróleo, carvão -, então, vive-se aquilo que se chama de economia da abundância, em que as pessoas comprometem o futuro com dívidas, endividamento externo, das famílias", afirmou.
 De acordo com o académico, o Estado moçambicano tem adotado políticas expansivas sem correspondência na economia real, aumentando o endividamento público, pelo que "a economia vive num ´boom` fictício de expectativas, grandes consumos com elevadíssimos riscos que a economia moçambicana tem neste momento, não só por razões internas, como também de situações no contexto internacionais, que sempre são variáveis".
 João Mosca frisou que desde a proclamação da independência, a 25 de Junho de 1975, Moçambique mantém a estrutura económica "subdesenvolvida e sem transformação estrutural", o que nos últimos anos contribuiu para o aumento de número de pobres em 1,6 milhões.
 "O grande objetivo que é a redução da pobreza nunca foi levado a sério", aliás, a persistente "questão da instabilidade política e social levou a que o grande objetivo que é redução da pobreza não tenha sido, todavia, um sucesso", disse.
A Conferência "40 Anos de Independências: Crescimento ou Desenvolvimento? Observatório de África, América Latina e Caraíbas", hoje realizada, pretendeu refletir sobre os modelos possíveis de desenvolvimento futuro em economias como a de Angola, Moçambique e Cabo Verde, que tiveram diferentes percursos após as independências, as três no mesmo ano: 1975.

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