Saturday 16 May 2015

Líder da oposição moçambicana diz que está cansado de apagar o fogo da fúria popular

 

Chimoio, Moçambique, 15 mai (Lusa) - O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, diz que está cansado de apagar o fogo da fúria popular e lembrou que a Frelimo tem 60 dias para negociar o projeto de autarquias provinciais no centro e norte de Moçambique.
"Tenho dito não, não à população. Não fechar estradas, não correr com o governador, não correr com o administrador, mas até quando?" questionou o líder do maior partido de oposição, em declarações à Lusa, no Chimoio, centro de Moçambique.
"Não nasci para apagar o fogo, quando o regime da Frelimo rouba e faz brincadeira e tudo", afirmou Dhlakama, referindo-se a uma alegada fraude eleitoral nas eleições gerais de 15 de outubro e ao chumbo do projeto da Renamo de criação de autarquias provinciais, como forma de ultrapassar a crise política com a oposição.
A maioria parlamentar da Frente d eLibertação de Moçambique (Frelimo) chumbou no final de abril o projeto de lei para a criação de seis províncias autárquicas, onde a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) exigia governar, justificando que ganhou as eleições nestas regiões.
"Dei dois meses para que de facto o povo começasse a ver a governação [da Renamo]. Os dois meses significam 60 dias de renegociação com o regime da Frelimo, e quero acreditar que a Frelimo também não queira de facto violência, porque o problema não é de Dhlakama, é da população destas províncias", declarou o presidente do maior partido da oposição, avisando os dirigentes da maioria para que "reflitam enquanto é cedo".
Dhlakama voltou a manifestar-se disponível para um acordo com o Governo, acreditando que o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, também está contra a violência e nada está ainda perdido.
Para o líder da Renamo, não há motivos para recuar na exigência da criação das províncias autónomas, por considerar que o projeto serve as populações das províncias de Manica, Sofala, Tete, Zambézia (centro) e Nampula e Niassa (norte), onde vivem mais de metade dos cerca de 25 milhões de moçambicanos.
No projeto, a Renamo defendia a nomeação por Afonso Dhlakama de presidentes de conselhos provinciais com funções executivas naquelas seis províncias, a canalização de 50% das receitas geradas pela extração mineira e dos valores gerados pelo setor petrolífero, 1% de alguns impostos cobrados pelo Estado nas autarquias locais, impostos de natureza provincial, bem como impostos autárquicos.

 
Lusa

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